Desde as últimas décadas do século XIX, a partir do surgimento do Choro e de autores como Ernesto Nazareth, um território musical começou a ser demarcado entre o popular e o erudito, na fronteira entre esses mundos, reunindo o que havia de mais interessante em cada um deles. Variedade rítmica e virtuosismo, comunicabilidade e refinamento, improviso e rigor formal. Não por acaso, grandes compositores do século XX ocuparam esse rico território: Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha, Radamés Gnattali, Tom Jobim, Egberto Gismonti, dentre vários outros.

“Música de Fronteira” inventaria esse acervo através de dois músicos de gerações diferentes, mas que trazem em comum a disposição de colocar sensibilidade e virtuosismo a serviço da obra desses autores, com uma abordagem musical aberta, capaz de  refletir a liberdade com que os pioneiros desse território atuaram rompendo preconceitos. O encontro da experiência de Leo Gandelman, solista habituado a transitar entre o clássico e o popular com a jovem vitalidade do piano de Eduardo Farias, evidencia a riqueza do repertório e cria uma unidade atemporal entre os autores abordados. O próprio conceito de “fronteira” é expandido, buscando-se novas janelas de improvisação e tratando tesouros do passado como algo vivo e de possibilidades ainda não exploradas.

No repertório: Um Chorinho em Aldeia –  Severino Araújo, Linda Erika – Luiz Americano, A Lenda do Caboclo – Heitor Villa Lobos, Cubanos – Ernesto Nazareth, Pássaros em Festa – Ernesto Nazareth, Lapinha – Baden Powell, Ignez – Pixinguinha, Brasileirinho – Waldir Azevedo, Neshama – Leo Gandelman e David Feldman.